quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Anna Akhmátova







Há na intimidade um limiar sagrado,
encantamento e paixão não o podem transpor -
mesmo que no silêncio assustador se fundam
os lábios e o coração se rasgue de amor.

Onde a amizade nada pode nem os anos
da felicidade mais sublime e ardente,
onde a alma é livre, e se torna estranha
à vagarosa volúpia e seu lento langor.

Quem corre para o limiar é louco, e quem
o alcançar é ferido de aflição...
Agora compreendes porque já não bate
sob a tua mão em concha o meu coração

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Shin Gyóng-rim

O Junco


Fazia já algum tempo
o junco no seu íntimo chorava em silêncio
Deve ter sido numa daquelas noites
Ele soube que todo o seu corpo estremecia

Não era o vento, nem o luar
O junco nunca sequer imaginou
que era o seu pranto silente a sacudi-lo

Nunca soube
que viver era
um pranto, secreto e silencioso