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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Edwin Morgan




De uma Varanda da Cidade


Quantas vezes quando penso em você o dia se ilumina!
Nosso amor silencioso
vagueia no Glen Fruin com borboletas e cucos -
me traz a sonolênca do campo! Deixe que flutue sobre o tráfego
pela janela aberta com uma nuvem de testemunhas -
uma queimadura cintilante, ovelhas brancas, a chama do junco,
os cucos chamando loucamente, a nuvem branca real sobre nós,
borboletas brancas sobre sua mão na curta grama quente,
e então a testemunha era minha mão fechando na sua,
minha boca penteando suas pálpebras e seu lábios
muitas vezes até você suspirar e se voltar para o amor.
Seu peito e coxas estavam ardendo como o junco.
Eu cobri sua fogueira em silêncio ali.
Deixamos o dia envelhecer junto com a grama.
Era em silêncio que o amor estava.

Passos e testemunhas! Nesta varanda de Glasgow quem serve
alegria como a água da montanha? Ela enche, transborda outra vez
para baixo da terra árida e rodas implacáveis.
Quantas vezes eu pensarei em você, até
que nossos passos moribundos esqueçam esta luz, esqueçam
que um dia conhecemos o vale feliz,
ou que um dia eu disse, Nós devemos pular em direção ao sol,
e nós pulamos em direção ao sol.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Edwin Morgan




Quando você partir

Quando você partir,
se você partir,
e eu tiver vontade de morrer,
não há nada que me salvaria
mais do que o tempo
que você adormeceu nos meus braços
com uma confianca tão suave
deixei o quarto escurecendo
beber a noite, até
que o repouso, ou a chuva
levemente despertaram você.
Perguntei se tinha ouvido a chuva no seu sonho
E meio sonhando você disse apenas, eu te amo.

sábado, 20 de novembro de 2010

Edwin Morgan



Morangos


Nunca houve morangos
Como os que tivemos
Naquela tarde tórrida
Sentados nos degraus
Da porta-janela aberta
de frente um para o outro
seus joelhos encostados nos meus
os pratos azuis em nossos colos
os morangos brilhando
na luz quente do sol
nós os mergulhamos em acúçar
olhando um para o outro
sem apressar a festa
para chegar ao fim
os pratos vazios
deitados sobre a pedra juntos
com os dois garfos cruzados
e eu me aproximei de você
dócil naquele ar
nos meus braços
abandonado como uma criança
da sua boca ávida
o gosto de morangos
na minha memória
inclina-se de volta
deixe-me amá-lo


deixe o sol bater
sobre o nosso esquecimento
uma hora de tudo
o calor intenso
e o relâmpago de verão
nas colinas de Kilpatrick


deixe a tempestade lavar os pratos

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Edwin Morgan

Na frente da televisão


Tome cuidado se você me beijar,
você sabe que não morre.
A luz da lâmpada se estende, desenha
suavemente - toda ela - em fixidez,
tropas de sombras azuis como seu maxilar sob a luz
onde você fica assistido, meio assistindo
entre o amarelo e o azul.
Eu só vejo metade, só conheço sua metade.
Tome cuidado se virar agora pra mim
pois mesmo neste quarto nos movemos fora e através das estrelas
e formas que nunca nos deixam voltar, sua mão
que repousa levemente na minha coxa e minha mão no seu ombro
estão transfixadas somente lá, não aqui.


O que você poderia suportar que duraria
como uma pedra através de câncer e cabelo branco?


Ainda assim não é fácil
fazer balanço de misérias
quando a luz macia pisca
sobre nossos braços na quietude
onde decisões são tomadas.
Você tem que olhar pra mim, 
e então é o tempo que cai
numa conversa lenta até dormir.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Edwin Morgan



O DIVISOR

Continuo pensando em você - o que é ridículo. 
Estes anos entre nós como um mar.
E a dignidade que veio com o tempo 
impediria meu lápis sobre o papel.
O som estava ligado; você pediu pelos Stones; 
conseguiu, conseguiu café fresco, conversa.
As cortinas cerradas guardavam uma noite selvagem. 
Continuo pensando nos seus olhos, suas mãos.
Não há razão para isto, nenhuma.
Você diria que não posso ser o que não sou, 
mesmo que eu não possa ser o que sou.
Onde isso nos leva? O que podemos fazer?
O silêncio após Jagger foi como uma capa 
que eu teria jogado sobre você - havia apenas 
o vento, e o relógio batia enquanto você bebia, 
agarrando a caneca verde entre as mãos.
Não olhe para cima assim de repente!
Como é duro não olhar você.
Chegamos ao ponto de não falar 
e não se preocupar, e aquilo 
foi quase feliz. Então, mais tarde,
quando você deitou sobre o cotovelo no carpete 
não senti nada além de uma punhalada 
de dor me dizendo o que era, 
e não posso dizer para você, nem uma palavra.


The Divide

I keep thinking of you - which is ridiculous.
These years between us like a sea.
And diginity that came with growing older
would stop my pencil on the paper.
The player was open; you asked for Stones;
got that, got steaming coffee, conversation.
The heavy curtains kept a wild night out.
I keep thinking your eyes, your hands.
There is no reason for it, none at all.
You would say I can't be what I'm not,
yet I can't not be what I am.
Where does that leave us? What can we do?
The silence after Jagger was like a cloak
I'd have thrown over you - only the wind
was left, and the cloak ticked as you sipped,
clutching the green mug in both hands.
Don't look up suddenly like  that!
How hard is not  to watch you.
We had got to stage of not talking
and not worrying, and that
was almost happy. Then, late,
when you lay on one elbow on the carpet
I could feel nothing but that hot knife
of pain telling me what it was,
and I can't tell you about it, not one word.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Edwin Morgan


Morangos


Nunca houve morangos
como os que tivemos
naquela tarde de incêndio
sentados no batente
da meia-porta aberta
nos entreolhando
teus joelhos presos nos meus
a louça azul em cada colo
e morangos luzindo
ao raio quente
os vertemos no açúcar
entreolhando-nos
sem apressar o banquete
para o próximo
os potes vazios
juntos sobre o batente
com dois garfos cruzados
e reclinei sobre você
suave naquele clima
em meus braços
abandonada como um bebê
de sua boca ávida
sabor de morango
na memória
que de novo reclina
e que eu te ame

e que o sol bata
nosso esquecimento
em hora única
calor intenso
e o preclaro do verão
nas colinas de Kilpatrick

que a tempestade lave a lo
uça