Flight
When we were fleeing the burning city
And looked back from the first field path,
I said: "Let the grass grow over our footprints,
Let the harsh prophets fall silent in the fire,
Let the dead explain to the dead what happened.
We are fated to beget a new and violent tribe
Free from the evil and the happiness that drowsed there.
Let us go" - and the earth was opened for us by a sword of the flames.
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
domingo, 20 de dezembro de 2009
Wislawa Szymborska
Alguns-
quer dizer nem todos.
Nem a maioria de todos, mas a minoria.
Excluindo escolas, onde se deve
e os próprios poetas,
serão talvez dois em mil.
Gostam-
mas também se gosta de canja de massa,
gosta-se da lisonja e da cor azul,
gosta-se de um velho cachecol,
gosta-se de levar a sua avante,
gosta-se de fazer festas a um cão.
De poesia-
mas o que é poesia?
Algumas respostas vagas
já foram dadas,
mas eu não sei e não sei, e a isto me agarro
como a um corrimão providencial.
Czeslaw Milosz
Dádiva
Um dia tão feliz,
A névoa baixou cedo, eu trabalhava no jardim.
Os colibris se demoravam sobre a flor de madressilva.
Não havia coisa na terra que eu quisesse possuir.
Não conhecia ninguém que valesse a pena invejar.
O que aconteceu de mau, esqueci.
Não tinha vergonha ao pensar que fui quem sou.
Não sentia no corpo nenhuma dor.
Me endireitando, vi o mar azul e velas.
Berkeley, 1971
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
Kim Gui-rim
O Mar e a Borboleta
Porque ninguém lhe disse da fundura
a borboleta branca não tinha medo do mar
Era para ela uma plantação de folhas verdes
e ao pousar, a asa tenra se gela no toque da água
e volta cansada como uma princesa
A borboleta, ressentida do mar de março sem flores,
sente a fina cintura gelar no crescente azul.
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
Kim Nam-jo
Mar de Inverno
Sabe, fui ver o mar de inverno
Pássaros desconhecidos
Pássaros queridos - já haviam morrido
Pensei em ti
Mas a árdua tormenta congelara
até a lágrima e a verdade daquele amor
E o fogo do vazio
ardia em chamas sobre a crista das ondas
O meu sempre mestre
o tempo
Fiquei ali a assentir, assentir com a cabeça
ainda que restem
poucos dias
Ao terminar a prece,
faze-me possuir uma alma ainda mais ardente
Ainda que restem
poucos dias
Sabe, fui ao mar de inverno
A água da dura perseverança
jazia formando um pilar na fundura do mar
* * *
A Carta
Jamais encontrei alguém tão adorável quanto você
Jamais houve alguém que me fez tão só quanto você
Quando penso nisso, choro um pranto inevitável
Jamais houve alguém que me fez tão honesta quanto você
Você, que alumia o meu interior, é o espelho mais cristalino
E quando passo por você em toda a profundidade há um eu
de olhar umidecido. É o começo de mim
Escrevo para você todos os dias
Quando escrevo uma linha você vem de pronto ler esta linha,
e por isso jamais envio a carta
sábado, 12 de dezembro de 2009
Kim Gwang-sób
Solidão
Eu
estirado aqui na condição de um vivente e
lá atrás da tumba uma corrente infinita também se agita
sob uma rocha silenciosa, lá onde o mar é profundo
Eu
como um peixe cansado
Sonhos encantados amores cristalinos adormecem
Fragmentos do mundo saudoso se misturvam
Somente os estratos de longos séculos me guiam
Nem nervos nesta noite
Relógio, que bizarro!
Durma, vá, você também
Eu
estirado aqui na condição de um vivente e
lá atrás da tumba uma corrente infinita também se agita
sob uma rocha silenciosa, lá onde o mar é profundo
Eu
como um peixe cansado
Sonhos encantados amores cristalinos adormecem
Fragmentos do mundo saudoso se misturvam
Somente os estratos de longos séculos me guiam
Nem nervos nesta noite
Relógio, que bizarro!
Durma, vá, você também
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
Kim Tchun-su
Ausência
Quando por vezes o vento vinha sacudindo
a cerca chorava
em tom triste
Coisas como crista-de-galo, ipoméia, balsâmina,
floresciam cada qual na sua estação,
e murchavam
sem som
Mesmo no inverno mais frio
vinha o raio de sol
para uma sesta solitária sobre pedras azuis
e se ia
Os anos passavam sem nada por fazer
e as pessoas, como num sonho,
viviam e morriam
Quando por vezes o vento vinha sacudindo
a cerca chorava
em tom triste
Coisas como crista-de-galo, ipoméia, balsâmina,
floresciam cada qual na sua estação,
e murchavam
sem som
Mesmo no inverno mais frio
vinha o raio de sol
para uma sesta solitária sobre pedras azuis
e se ia
Os anos passavam sem nada por fazer
e as pessoas, como num sonho,
viviam e morriam
Bák Mog-wór
Jardim de Inverno
Choviam folhas secas,
assim que eu as varria
O aroma dos crisântemos secos
tem (é) sabor de ressentimento
Aqui, na solidão do jardim,
as nuvens não são tranquilas
Lá, sombras agitadas
das nuvens
Meia vida
levada à toa
E o vento embala
o resto da tarde
Na montanha,
desce uma sombra fria
E os pássaros
também se foram para longe
Choviam folhas secas,
assim que eu as varria
O aroma dos crisântemos secos
tem (é) sabor de ressentimento
Aqui, na solidão do jardim,
as nuvens não são tranquilas
Lá, sombras agitadas
das nuvens
Meia vida
levada à toa
E o vento embala
o resto da tarde
Na montanha,
desce uma sombra fria
E os pássaros
também se foram para longe
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
Antonio Machado
Y ha de morir contigo el mundo mago
donde guarda el recuerdo
los hálitos más puros de la vida,
la blanca sombra del amor primeiro,
la voz que fue a tu corazón, la mano
que tú querías retener en sueños,
y todos los amores
qye llegaron al alma, al hondo cielo?
Y ha de morir contigo el mundo tuyo,
La vieja vida en orden tuyo y nuevo?
Los yunques y crisoles de tu alma
trabajan para el polvo y para el viento?
donde guarda el recuerdo
los hálitos más puros de la vida,
la blanca sombra del amor primeiro,
la voz que fue a tu corazón, la mano
que tú querías retener en sueños,
y todos los amores
qye llegaron al alma, al hondo cielo?
Y ha de morir contigo el mundo tuyo,
La vieja vida en orden tuyo y nuevo?
Los yunques y crisoles de tu alma
trabajan para el polvo y para el viento?
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