Crer, saber e confiar
Ao tomar uma decisão, além
de executar a opção escolhida, o cérebro
gera uma crença. É o que percebemos como confiança ou convicção quanto ao que fazemos. [...] Como se constrói a confiança? Por
que algumas pessoas sentem um excesso permanente de confiança, façam o que fizerem,
e outras, ao contrário, vivem na dúvida?
O estudo científico a confiança – ou o da dúvida – é particularmente
sedutor porque abre uma janela para subjetividade:
já não é o estudo de nossos atos
observáveis, mas de nossas crenças
privadas. Sob uma perspectiva meramente pragmática, tampouco é um assunto
menor, pois estarmos seguros ou não de nossas ações define nosso modo de ser.
Vícios e rastros da
confiança
A forma
pela qual cada pessoa constrói a confiança é quase como uma impressão digital. Alguns
distribuem a confiança com matizes intermediários; outros, ao contrário, tendem
a expressá-la em estados extremos de dúvida ou convicção.
Alguém com um sistema
preciso de confiança julgar bem seu próprio conhecimento e sabe quando apostar
e quando não. A confiança é, então, uma janela para o próprio conhecimento. [...]
A precisão do sistema de confiança é um traço pessoal, quase como uma estrutura
ou a cor dos olhos. Mas, à diferença desses traços físicos, há um certo espaço
para modificar esse rastro do pensamento. E, como se poderia esperar de um traço
característico da identidade – e que de certo modo a define –, ele tem uma
assinatura na estrutura anatômica do cérebro. 0s que possuem sistemas de
confiança mais precisos têm maior quantidade de conexões.
Essa diferença na atividade
cerebral entre os que têm um sistema preciso de confiança e os que não o têm só
se observa quando uma pessoa dirige a atenção para seu mundo interior – por
exemplo, concentrando-se na respiração –, e não quando a atenção está
focalizada no mundo exterior. Isso estabelece uma ponte entre duas variáveis
que em princípio quase não estavam relacionadas: a qualidade da confiança e o
conhecimento de nosso próprio corpo. Ambas coincidem em dirigir o olhar para o
mundo interior. E, assim, sugere-se que uma maneira natural de melhorar o
sistema de confiança é aprender a observar e focalizar nosso próprio corpo.
Fotografia: Justyna Mielnikiewicz
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