quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Mia Couto


Poema de Despedida

Não saberei nunca
dizer adeus
Afinal,
os mortos sabem morrer
Resta ainda tudo,
nós não podemos ser
Talvez o amor,
neste tempo,
seja ainda cedo
Não é este sossego
que eu queria,
este exílio de tudo,
esta solidão de todos
Agora
não resta de mim
o que seja meu
e quando tento
o magro invento de um sonho
todo o inferno me vem à boca
Nenhuma palavra
alcança o mundo, eu sei
Ainda assim,
escrevo

2 comentários:

  1. esse é o meu preferido dele. tenho nos meus arquivos e tinha lido na semana passada. coincidência... o mesmo poema passar por nós dois.

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  2. minha saudade
    saúda tua ida
    mesmo sabendo
    que uma vinda
    só é possível
    noutra vida

    aqui, no reino
    do escuro
    e do silêncio
    minha saudade
    absurda e muda
    procura às cegas
    te trazer à luz

    ali, onde
    nem mesmo você
    sabe mais
    talvez, enfim
    nos espere
    o esquecimento

    aí, ainda assim
    minha saudade
    te saúda
    e se despede
    de mim

    alice ruiz - saudade da saudade

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