terça-feira, 1 de março de 2011

Jorge Luis Borges





The unending gift 

Um pintor nos prometeu um quadro.
Agora, em New England, soube que morreu. Senti, como de outras
vezes, a tristeza e a surpresa de compreender que somos como 
um sonho. Pensei no homem e no quadro perdidos.
(Só os deuses podem prometer, porque são imortais.)
Pensei num lugar prefixado que a tela não ocupará.
Pensei depois: se estivesse ali, seria, com o tempo, essa coisa a
mais, uma coisa, uma das vaidades ou hábitos de minha casa;
agora é ilimitada, incessante, capaz de qualquer forma e de 
qualquer cor e não sujeita a nenhuma.
Existe de algum modo. Viverá e crescerá como uma música, e 
estará comigo até o fim. Obrigado, Jorge Larco.
(Também os homens podem prometer, porque na promessa há algo imortal.)


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