quarta-feira, 29 de julho de 2009

Lucian Blaga




Biografia



Onde e quando eu vim à luz não sei.
Da sombra, só, eu me esforço por crer
ser o mundo um cantar.
Estranho sorrio entre enleios que me suspendem:
as coisas me vêm completar e espantar.
Por vezes falo palavras que não me compreedem,
Por vezes amo coisas que não me correspondem.
De ventos e façanhas sonhadas meus olhos vão cheios.
Ando como um qualquer, quanto a andar:
quando culpado sobre os telhados de geena,
se sem pecado por sobre montanhas de açucenas.

Fechado no círculo das mesmas lareiras
troco mistérios com os antigos,
o povo lavado pelas águas de sob as pedreiras.
A noite se passa suave por que escute mudo
como em mim trasborda tudo
das lendas do sangue esquecido de há muito.
Abençôo a lua e o pão.
Os dias vivo espalhado pelo trovão.
Com palavras presas na garganta
cantei a grande travessia, e ainda canto,
o sono do mundo, os anjos de cera.
De um ombro para o outro, calado,
eu troco minha estrela como um fardo.


[1929]

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