sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Laura Riding

Abrir os olhos


Pensamento dando para pensamento
faz de alguém um olho.
Um é a mente cega-de-si,
O outro é o pensamento ido
Para ser visto de longe e não sabido.
Assim se faz um universo brevemente.

A suposição imensa nada em círculos,
E cabeças ficam mais sábias
Enquanto notam a grandeza,
e a dimensão imbecil
Espaça a Natureza,

E ouvidos reportam primeiro os ecos
Depois os sons, distinguem palavras
Cujos sentidos chegam por último -
Vocabulários jorram das bocas
Como por encanto.
E assim falsos horizontes se ufanam em ser
Distância na cabeça
Que a cabeça concebe lá fora.

O maravilhar-se que escapa dos olhos,
Regressa a cada lição,
O tudo, antes segredo,
Agora é o conhecível,
A vista da carne, a grandeza da mente.

Mas e quanto ao sigilo,
Pensamento individido, pensando
Um todo simples de ver?
Essa mente morre sempre instantaneamente
Ao prever em si, de repente demais,
A visão evidente demais,
Enquanto lábios sem bocas se abrem
Mundamente atônitos para ensaiar
O verso simples e impronunciável.

Um comentário:

  1. quem não tem medo de lobo mal

    tenho medo da morte
    tenho medo da sorte
    tenho medo do começo e do fim
    tenho medo da rua
    tenho medo da sua
    tenho medo de mim
    tenho medo de ti
    tenho medo da vida
    tenho medo de psicologiA
    tenho medo de Freud
    tenho medo do espelho, do tempo, do vento
    tenho medo da floresta, da cidade
    tenho medo de ter segredo, de contar segredos
    tenho medo disso, daquilo, e daquele também
    tenho medo da doença, da saúde
    tenho medo de filmes tristes
    tenho medo do medo
    tenho medo do pensamento
    e quem não tem medo de lobo mal?

    novamente as saudades. di

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