segunda-feira, 19 de abril de 2010

Edwin Morgan

Na frente da televisão


Tome cuidado se você me beijar,
você sabe que não morre.
A luz da lâmpada se estende, desenha
suavemente - toda ela - em fixidez,
tropas de sombras azuis como seu maxilar sob a luz
onde você fica assistido, meio assistindo
entre o amarelo e o azul.
Eu só vejo metade, só conheço sua metade.
Tome cuidado se virar agora pra mim
pois mesmo neste quarto nos movemos fora e através das estrelas
e formas que nunca nos deixam voltar, sua mão
que repousa levemente na minha coxa e minha mão no seu ombro
estão transfixadas somente lá, não aqui.


O que você poderia suportar que duraria
como uma pedra através de câncer e cabelo branco?


Ainda assim não é fácil
fazer balanço de misérias
quando a luz macia pisca
sobre nossos braços na quietude
onde decisões são tomadas.
Você tem que olhar pra mim, 
e então é o tempo que cai
numa conversa lenta até dormir.

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