domingo, 1 de dezembro de 2013

Georges Bataille



História do Olho

          Havia no corredor um prato de leite para o gato.
          - Os pratos foram feitos para a gente sentar - disse Simone.  - Quer apostar que eu me sento no prato?
          - Duvido que você se atreva - respondi, ofegante.
          Fazia calor. Simone colocou o prato num banquinho, instalou-se à minha frente e, sem desviar dos meus olhos, sentou-se e mergulhou a bunda no leite. Por um momento fiquei imóvel, tremendo, o sangue subindo à cabeça, enquanto ela olhava meu pau se erguer na calça. Deitei-me a seus pés. Ela não se mexia; pela primeira vez, vi sua "carne rosa e negra" banhada em leite branco. Permanecemos imóveis por muito tempo, ambos ruborizados.
          De repente, ela se levantou: o leite escorreu por suas coxas até as meias. Enxugou-se com um lenço por cima da minha cabeça, com um pé no banquinho. Eu esfregava o pau, me remexendo no assoalho. Gozamos no mesmo instante, sem nos tocarmos. Porém quando sua mãe retornou, sentando-me numa poltrona baixa, aproveitei um momento em que a menina se aninhou nos braços maternos: sem ser visto, levantei o avental e enfiei a mão por entre suas coxas quentes.
          Voltei pra casa correndo, louco para bater punheta de novo. No dia seguinte, amanheci de olheiras. Simone me olhou de frente, escondeu a cabeça contra meu ombro e disse: "Não quero mais que você bata punheta sem mim". 

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