quinta-feira, 15 de abril de 2010

Czeslaw Milosz

Não Mais


Preciso contar um dia como mudei
Minha opinião sobre poesia e por que
Me considero hoje um dos muitos
Mercadores e artesãos do Império do Japão
Compondo  versos sobre a floração da cerejeira,
Sobre crisântemos e a lua cheia.


Se eu pudesse descrever as cortesãs
De Veneza, como incitam com uma vareta o pavão no pátio
E desfolhar do tecido sedoso, da cinta nacarina
Os seios pesados, a marca
Avermelhada no ventre onde o vestido se abotoa,
Ao menos assim como as viu o dono das galeotas
Arribadas aquela manhã carregando ouro;
E se ao mesmo tempo pudesse encerrar seus pobres ossos
No cemitério, onde o mar oleoso lambe o portão,
Em palavras mais duráveis que o derradeiro pente
Que entre carcomas sob a lápide, só, espera pela luz


Não duvidaria. Da resistência da matéria
O que se retém? Nada, quando muito o belo.
Então devem nos bastar as flores de cerejeira
E os crisântemos e a Lua cheia.

Um comentário:

  1. Love


    Love means to learn to look at yourself
    The way one looks at distant things
    For you are only one thing among many.
    And whoever sees that way heals his heart,
    Without knowing it, from various ills
    A bird and a tree say to him: Friend.
    Then he wants to use himself and things
    So that they stand in the glow of ripeness.
    It doesnt matter whether he knows what he serves:
    Who serves best doesnt always understand.

    Czeslaw Milosz

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